domingo, 13 de fevereiro de 2011

A história do Coiso parte 5



Depois de muitas horas a nadar agarrada ao Coiso, a rapariga consegue finalmente chegar a terra firme. Era noite de céu estrelado, e a rapariga admirando com esperança o horizonte iluminado artificialmente por neons estranhos colocados em cima de casinhas à beira mar, põe o Coiso aos ombros e cambaleia praia acima.

As pessoas eram estranhas, estavam felizes com um copo na mão, uma espécie de toalha na cabeça e parecia que a sede nunca lhes acabava. Os olhos deles seguiam a rapariga enquanto que ela caminhava sem saber para onde ir. Tentou falar com as pessoas que encontrava, mas elas falavam uma língua diferente e ela apenas seguia a direcção que lhe apontavam. Sem encontrar um único hospital continuaram a caminhar pela cidade e paráram numa lojinha pequena de conveniência. A rapariga não tinha dinheiro... e as cuecas na cabeça do Coiso estavam um bocado sujas, no entanto, ela não resistiu em dar uma vista de olhos à comida excessivamente cara que lá se encontrava.
Havia batatas fritas em pacotes minúsculos, pastilhas elásticas de 62 formas, cores e sabores, douradinhos, salsichas, cerveja nativa, tabaco, cogumelos laminados e revistas cor de rosa com a tua mãe a revelar pela primeira vez a sua vida sexual em prol dos outros.

No momento em que a rapariga abriu a revista para ver a tua mãe, um suicida bombista disse: "ALLELEEELELaEAEEL" e morreu porque explodiu. O dono da loja morreu empalado no tórax com o fémur esquerdo do bombista, as prateleiras caíram todas, e os vidros da loja partiram-se todos. Mas a loja não ardeu porque havia muitas garrafas de coca-cola a arrebentar que apagaram o fogo devido à extrema libertação de CO2 engarrafado. A rapariga que se tinha barricado atrás de uma máquina de lavar roupa que estava lá à venda, pegou em toda a comida que pode levar e com o Coiso aos ombros foi-se embora a correr.

As ruas estavam cheias de fumo e tudo estava a arder, helicópteros e aviões bombardeavam a cidade e parecia que não havia muitas hipóteses de sobreviver naquela cidade. A rapariga virou uma esquina e atrevessou uma rua muito comprida e estreita. Afastando a roupa interior da população, que das suas janelas penduravam, a rapariga chega a um beco sem saída. Ao virar-se para o outro lado vê um rapaz muito velho que lhe aponta uma katana. Nesse momento uma escada feita de corda cai em cima da rapariga que instintivamente a agarra e é levada daquele sítio.

Ao subir a escada, encontra meia-dúzia de soldados dentro do helicóptero com o símbolo de uma bandeira muito estranha vermelha e verde no ombro, que lhe disseram que ia tudo correr bem. O veículo voou para fora da cidade atravessando o oceano provavelmente em direcção à base mais próxima dos soldados.

Passado algum tempo, o radar detecta um míssil que estava em rota de colisão com o helicóptero. O piloto como era maluco da cabeça decidiu voltar o helicóptero para o míssil e começou a disparar como se não houvesse amanhã. Não conseguindo explodir com o míssil, o piloto decide fazer um looping lateral de 360º escapando, à rasquinha, do perigo. No entanto, o míssil era daqueles guiados pelo calor e deu meia volta e foi contra o helicóptero que sofreu danos explosivos nas hélices e caiu ao mar. Durante a queda os soldados tentaram proteger o melhor possível a rapariga e o Coiso, mas quando o helicóptero embateu na água eles foram projectados com tanto lanço que chapinharam, os dois, meia dúzia de vezes antes do atrito da água os travar completamente. No último chapinhar, o Coiso deu uma cabeçada na rapariga e ela ficou inconsciente.

Boiávam, agora, os dois perdidamente no mar. Felizmente estávam de barriga para cima.

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